terça-feira, 16 de março de 2010

Entra Ano, Sai Ano...

Paula Baccelli


Todo novo ano chega permeado de boas intenções. Estamos sempre dispostos a planejar e concretizar metas, preencher necessidades, realizar sonhos, mudar isso e aquilo... É como se o marco da passagem de um ano para o outro trouxesse consigo a mágica da renovação e da mudança. E seguimos com esta crença, certos de que algo novo surgirá!
Assim, procuramos fazer tudo o que não fizemos no ano anterior, mesmo que a título de promessa. Fazemos check-up, reencontramos pessoas que não vemos há tempos, planejamos agenda, viajamos, ainda que para o mesmo velho lugar de sempre, mudamos a cor e o corte do cabelo. Buscamos na internet as dicas para 2008 e nos enchemos de esperança de que todas as nossas intenções concretizarão!
Pois é! Entra ano, sai ano e continuamos infantis, crianças mesmo em nosso modo de sentir, pensar e agir. O fazer realmente tomou conta de nossa raça e vem substituindo o equilíbrio do Ser. Acreditamos em massa que ter algo fará desaparecer principalmente o medo de rejeição, a tristeza e a dor que sempre nos rondam. Nos agarramos a “chavões”, que quase sempre nada têm a ver com nossa essência. Mas, se pertence ao outro, de preferência um outro mais popular que nós, precisamos adquirir!
Que loucura é verificar, que continuamos construindo uma cultura ocidental voltada para fora de nós, levando-nos a cegas competições pela obtenção de “coisas” que logo perderão a graça. Porque com criança é assim: os “brinquedos” perdem a graça rapidamente e a ansiedade por outro “brinquedo” sobressai-se com uma velocidade impressionante.
Temos sido crianças sim, na maioria dos aspectos de nós mesmos! E precisamos, de fato, mudar este quadro coletivo urgentemente!
Ficamos esperando no outro a solução de nossos problemas. E, esse outro pode ser qualquer coisa ou qualquer um: um bilhete premiado de loteria, governantes conscientes, profissionais éticos, o emprego dos sonhos, o cônjuge perfeito, o carro importado, a viagem ao exterior, uma herança inesperada, fama e popularidade, uma tv de plasma que o vizinho não possui, um analista ou alguém com poderes divinatórios que nos diga exatamente o que fazer, o corpo dos sonhos depois de umas 20 ou 30 cirurgias plásticas, os “presentinhos” que a loja de departamentos do Universo magicamente nos dará se seguirmos passo a passo alguns “segredinhos”  etc.
E, desta forma temos levado a vida: crianças com corpos e responsabilidades de adultos...
Se queremos iniciar 2008 de uma forma realmente diferente, que tal olharmos no espelho de nossa alma, com a coragem que um Adulto deve ter para se enxergar como realmente é? Que tal experienciarmos sentirmos a nós mesmos, reconhecermos nossa Sombra e Luz internas, nos encontrarmos com nossa Criança Interior e dizer a ela: “lamento muito ter deixado em suas mãos o peso da responsabilidade pela minha vida!”? E assumir-se como um Adulto deve fazer?
Este artigo é um convite para que empunhemos a coragem de Ser, de desbravarmos nosso Inconsciente, de conhecermos nossa Singularidade, a fim de nos tornarmos melhores do que temos sido até agora.
De verdade, se há algum propósito na vida, com certeza o primeiro é este: tornarmo-nos conscientes da divindade que habita nosso interior e seguirmos nossa existência em harmonia com a Natureza, suas leis e seus fenômenos. E o segundo, nos certificarmos de que o caminho da realização que perseguimos incansavelmente se encontra apenas e tão somente dentro de nós mesmos!
Boas mudanças a todos!

Artigo publicado em 2008, na revista Corpo Magazine, de Uberlândia MG

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
 

©2009 Espaço da Alma | by TNB