Passei por um longo momento de êxtase espiritual quando ouvi esse texto. Ele é mais uma prova de que a Verdade Universal é alcançada por todos aqueles que se disponibilizam com Amor. Esse Brasileiro querido, também Índio Tapuia, nos ensina de Física Quântica a Espiritualidade nessas palavras que tocam fundo nosso coração e nos impelem à responsabilidade do Observador: aquele que cria e é criado ao mesmo tempo. Elevem-se!!
Por Kaká Werá Jecupé (Índio de origem tapuia, escritor, ambientalista,conferencista, terapeuta social e brasileiro da melhor estirpe)
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"Quando se percorre o caminho do guerreiro, o aprendizado baseia-se na seiva da memória que percorre as raízes, passando pelo tronco, aos galhos e folhas dessa árvore da vida que busca o sol. Como já disse, pela memória sabe-se que tribo e espírito acontecem juntos. O espírito acontece dentro de você, e você é uma interconexão de muitos. No caminho do guerreiro, cabe a você discernir os seus muitos, os verdadeiros e os falsos. O que foi tecido pelos fios divinos e o que foi tecido pelos fios humanos. Cabe a você des-a-fiar. Quando você principia a discernir, você torna-se um txukarramãe, ou seja, torna-se um guerreiro sem armas.
Por quê?
Os fios tecidos pela mão do humano formam pedaços vivificados pelo seu espírito, passando a fazer parte da tribo. Por isso numa tribo existiram o canibal, o homem-morcego, o usurpador, o vaidoso, o orgulhoso, o conquistador. Foi tecido pelo poder de criar que a mão manifesta. Foram criados pela sua palavra. Esse é o poder do popyguá que nos foi dado. Essa mão gerou todos os tipos de criação . E quando você descobre que muitas coisas que fazem parte de você, para se defender do mundo externo, na verdade foram geradas pela sua própria mão, da matéria indelével que é o pensamento, então você descobre a raiz da questão. Busca discernir em seu momento o que você tem feito de você e como é sua dança no mundo. Assim, desapega-se aos poucos das armas, que são criações feitas para matar criações. De repente descobriu-se que, quando se pára de criar o inimigo, extingue-se a necessidade das armas.
O espírito aqui é noite e dia, como já vimos, e mais tudo aquilo que sua mão teceu, fio por fio. Então, você percebe que o espírito manchou-se de criações impróprias, de si próprio. Esse é o risco do percurso da alma-luz, e é natural. Isso acontece na grande noite da alma, quando ela esquece de se enxergar, luz que é, quando não se invoca a sabedoria da coruja, que vê no escuro. Então, de tempos em tempos, o espírito busca purificar-se - isso faz parte do caminho do guerreiro. Pela memória ancestral sabemos que a solidão e as sombras fazem parte da tarefa; quando o caminho se encruzilha, é justamente com eles que se intensificará o ponto de maturação do espírito.
Quando se caminha para a consciência do espírito, caminha-se para a consciência da tribo. Da mesma forma que Namandu (O que Tem Muitos Nomes, o Grande Espírito), desdobra-se em muitos e sustenta sua presença-luz tanto na gota do orvalho quanto na soma das galáxias, o ser humano faz o caminho do dobrar-se para a unificação com Ele. Assim é que tudo pulsa e flui. E o espírito humano desdobrou-se, separou-se, para dobrar-se diante Daquele que Foi-É-Será.
(Retirado do livro do autor, "A Terra dos Mil Povos".)
Trecho do Filme "Eu Maior"
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